A escolha acertada dos móveis é fundamental na hora de se montar ou renovar um ambiente. Nos showrooms das marcas, clientes e projetistas encontram possibilidades quase infinitas de padrões e combinações de peças, mas nem sempre se dão conta da cadeia produtiva que está por trás de toda esta oferta.
Etapas
Do desenvolvimento do projeto à sua comercialização na loja, um móvel passa por pelo menos três etapas fabris e uma pesquisa intensa sobre tendências que pode durar anos. Para que você conheça como são produzidos os móveis planejados que leva para dentro de casa.
Padrão
Item de decisão e que interfere diretamente no estilo que se pretende dar à decoração, o padrão é o fio condutor da cadeia de móveis planejados, que tem as chapas de MDF ou MDP como matéria-prima.
Ele nada mais é do que o desenho, o apelo estético que o móvel terá ao reproduzir madeiras, pedras, concreto, tecidos e até papelaria em suas faces internas e externas.“Para se chegar ao padrão é feita uma pesquisa de tendências baseada em observações do dia a dia, no comportamento humano, nas visitas às feiras dos mais diversos setores e nos briefings resultantes da interação entre as diferentes etapas da cadeia produtiva”, explica Onei Marques, gerente comercial da Interprint do Brasil Indústria de Papéis Decorativos.
Uma vez definidos os padrões, são coletados materiais, como madeiras naturais, que possam ser escaneados para a produção do desenho. Estas imagens são trabalhadas digitalmente até a finalização do padrão, que é impresso em um papel específico para uso moveleiro por meio de rotogravura.
“Depois de impresso, o papel é submerso em tanques de resina e passa por um túnel de secagem em um processo chamado de impregnação. Dele saem as folhas que são enviadas para as indústrias que produzem os painéis de madeira”, explica Marques. Algumas indústrias têm seu próprio processo de impregnação, por isso recebem o papel em bobinas.
Painéis de madeira
De forma geral, o mercado moveleiro trabalha com dois tipos de painéis na fabricação dos móveis: os de MDF e MDP. O primeiro deles é composto por fibras de madeira (como pinus e eucalipto) prensadas em altas temperaturas com resinas, enquanto o segundo é um aglomerado de pequenos pedaços da matéria-prima.
Painéis de madeira na linha de produção da Arauco. Foto: Divulgação/Arauco.
Tais características fazem com que o MDP seja mais resistente à torção, sendo indicado para aplicações como em uma estante de livros, como exemplifica João Carlos Gon Casemiro, gerente de marketing da Arauco do Brasil, fabricante de painéis de madeira. “O MDF é mais propício para usinagem e perfuração, pois é mais uniforme”, acrescenta.
- Uma vez prontas, as chapas recebem a aplicação do padrão, que é o que vai dar a “cara” ao futuro móvel. Para isso, o papel é prensado em alta temperatura sobre os painéis de madeira, o que faz com que ele se funda às chapas em nível molecular. “Neste momento, o fabricante também pode usar na prensa um prato de textura que vai dar ao painel a textura do material que ele imita, como pedra ou madeira”, explica Onei Marques, da Interprint.
Vídeo com detalhes da produção do MDF

1. Madeira é cortada
O primeiro passo para fabricar MDF é cortar madeira de árvores como eucalipto ou pinus, que são cultivadas em regiões de reflorestamento. Ao atingirem aproximadamente 28 m de altura, as árvores são cortadas e levadas às fábricas, na forma de toras de cerca de 6 m. Então, é realizado o processamento das toras em uma máquina, que as pica com o intuito de transformá-las em lascas de madeiras, também conhecidas como cavacos.
2. Fibras são separadas
O próximo passo da fabricação de MDF é cozinhar os cavacos, que são enviadas para a desfibração, onde uma máquina separa as fibras de madeira por meio de discos, após o amolecimento da lignina durante a etapa de cozimento. Lignina é a cola natural da madeira.
Em seguida, as fibras de eucalipto, que possuem em torno de 1 mm de comprimento, e as de pinus, que têm média de 2,2 mm de comprimento, são devidamente separadas e colocadas junto de uma resina sintética. Depois disso, elas são secadas a partir de uma tubulação com ar aquecido.
3. Fibras são moldadas
A nova etapa é a moldagem das fibras, que ocorre na máquina formadora. As fibras são moldadas em colchões homogêneos. Em uma pré-prensa, as fibras passam por um processo em que o ar acumulado entre elas é removido. Além disso, a altura final dos colchões acaba reduzindo em relação à altura inicial, podendo diminuir de sete a 10 vezes.
4. Colchões são prensados
Outra fase é a prensagem dos colchões, que ficam submetidos a altas temperaturas e pressões elevados durante um tempo específico, o que faz a resina colar as fibras, gerando a chapa de MDF. Ao sair da prensa, a chapa é resfriada e encaminhada para a lixadeira.
5. Chapa é polida
Quando está na lixadeira, a chapa de MDF passa por um polimento, que serve para equilibrar a espessura de vários pontos do painel. O máximo de diferença de espessura entre um ponto e outro do item deve ser 1/10 de milímetro.
6. Chapa é cortada e embalada
Aqui, a chapa é cortada no tamanho desejado, conforme a sua função no mercado. Depois do corte, o produto é embalado e entregue aos distribuidores. E ainda há a possibilidade de que as chapas de MDF crus recebam revestimentos após o encerramento da produção.
Pronto, agora você conhece o processo de fabricação do MDF, que é usado em inúmeros setores. No caso da construção civil, por exemplo, os painéis de MDF são utilizados como pisos, portas, rodapés, batentes e muitas outras funções. Ao usar esse tipo de matéria-prima, você não apenas terá um produto de ótima qualidade, mas também fará sua contribuição para a preservação da natureza. Se a sua empresa costuma recorrer ao MDF, é comum a associação a uma imagem positiva, devido a esse fator ecológico, que está cada vez mais valorizado.
Projeto de cozinha com painéis de madeira da Arauco em tons de cinza e dourado. Foto: Divulgação/Arauco